Nada será como antes: pandemia muda relações de trabalho

Empresas se preparam para evitar conflitos com o retorno às atividades presenciais

O prolongado distanciamento social, que impôs o teletrabalho a muitas empresas mudará de forma definitiva as relações de trabalho no Brasil. Segundo o especialista em RH e psicólogo especializado em Crises e Emergências, Alexandre Garrett, muitas práticas nada saudáveis do período pré-pandemia não serão mais aceitas com a retomada do trabalho presencial ou a adoção do modelo híbrido. “O home office mostrou a muita gente que é possível trabalhar sem as cobranças excessivas e o assédio moral de alguns líderes. Isso, somado aos benefícios de trabalhar em casa, como o maior contato com a família, mudou a forma como as pessoas enxergam o ambiente corporativo”, explica Garrett.

Quando essas pessoas retornarem ao trabalho, diz o especialista, estarão menos tolerantes a comportamentos inadequados. E as empresas já estão atentas à necessidade de rever suas políticas de compliance. “Será necessário um trabalho árduo com líderes que têm um histórico de cobranças mais duras. As pessoas serão menos tolerantes com esses tipos de comportamento e os conflitos resultantes podem desestabilizar a equipe como um todo”, completa.

Garrett conta que as relações de trabalho serão mais saudáveis nas empresas que se planejam para a retomada das atividades presenciais. “Muitas já estão atuando em conjunto com psicólogos para formular políticas de readequação. Podemos esperar, a partir de uma colaboração conjunta, melhorias nas condições de trabalho”, diz.

O distanciamento natural entre os membros da equipe, outro efeito colateral do home office, está fazendo as empresas a criarem estratégias para readequar seus colaboradores quando a vacinação avançar e as atividades presenciais retornarem. “É certo que muitas companhias vão manter o esquema híbrido, mas a volta ao ambiente físico vai exigir atenção especial para reintegrar esses funcionários que ficaram tanto tempo longe do convívio com os colegas e líderes”, afirma o especialista.

Segundo Garrett, é preciso tratar esse retorno como um processo de integração à equipe. “O tratamento deve ser bem semelhante ao adotado quando um membro da equipe é contratado. Tanto tempo de isolamento muda as pessoas, então, de certa forma, é como se todos estivessem se conhecendo pela primeira vez”, diz.

Uma pesquisa feita pela empresa de videoconferência Zoom mostrou em números que a preocupação das empresas com o modelo híbrido é válida. Segundo o levantamento, 53% dos brasileiros entrevistados se preocupam com a falta de conexões pessoais e 49% com a falta de materiais e recursos de escritório no modelo de trabalho híbrido.

Outras preocupações dos brasileiros se referem a rotinas de trabalho irregulares e dificuldade de contato com outras equipes e departamentos. “Apesar dessas observações, 70% dos brasileiros consultados disseram que pretendem usar recursos virtuais e presenciais para desempenhar suas funções. As empresas devem, portanto, se organizar para poder se enquadrar nas novas formas de trabalho que devem ser implantadas quando for seguro retornar ao ambiente físico”, diz.

 


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