Como processamos informações

Recebemos informações do mundo através dos cinco sentidos: visual, auditivo, gustativo, olfativo, táctil-proprioceptivo. Ocorre que a informação recebida precisa ser processada internamente, precisa ser representada, e este processo é individual, personalizado, o que equivale a dizer que dois indivíduos representarão um mesmo fato de formas diferentes.

Isto acontece porque há três processos envolvidos na representação de informações: omissão, distorção e generalização.

A omissão ocorre quando omitimos parte da informação recebida. É ela que, por exemplo, nos permite prestar atenção no que uma pessoa está dizendo e ignorar todos os demais sons existentes num local de muitos ruídos. Ou então, quando estamos bem humorados e não prestamos atenção às pequenas contrariedades de nossa experiência, como por exemplo os semáforos que estavam todos fechados, o trânsito lento.

A distorção é frequente nos casos de mal-entendidos, em que uma pessoa disse ou fez uma coisa e a outra pessoa percebeu algo completamente diferente. Ou também nas chamadas “fofocas”, em que um fato é aumentado ou deturpado.

A generalização consiste no fato de que ao recebermos uma informação, temos a tendência de generalizá-la para outros contextos. É ela que nos permite aprender, por exemplo, a andar de bicicleta e a partir desta aprendizagem generalizar para outros tipos de bicicleta.

A generalização também acontece nos casos de preconceito. Por exemplo, se uma pessoa teve uma experiência negativa com um indivíduo de determinada raça, religião ou nacionalidade, poderá generalizar achando que todos os indivíduos semelhantes no aspecto que está sendo considerado (raça, religião, etc.) são iguais.

Após analisarmos os três processos através dos quais as informações são representadas, podemos entender melhor por que dois indivíduos representam um mesmo fato de formas diferentes e também por que o mapa não é o território que representa (como afirmamos em nosso artigo anterior).

Nós sempre reagiremos às representações que fazemos das coisas (aos mapas) e nunca às coisas propriamente ditas.

Convidamos o leitor a tomar qualquer experiência de que goste, como por exemplo saborear um determinado tipo de alimento. Analisando minuciosamente por que gosta deste alimento, verá que gosta dele porque faz imagens que são atraentes, enfatizando a cor, o brilho, incluindo talvez a sensação da consistência, do contato do alimento com a boca, o cheiro, e possivelmente associando tudo isso a emoções como felicidade, aconchego, alegria, festa, etc. Tudo isto (imagem, associações com alegria, etc.) é representação. É da representação que você gosta, e não propriamente do alimento. Você já deve ter observado que enquanto você adora um alimento, outras pessoas o detestam. A representação que elas têm do alimento em questão é bem diferente da sua. E se elas aprenderem a representá-lo da mesma maneira que você, passarão a gostar dele!

Não é por acaso que as propagandas exploram estes aspectos em larga escala. Em geral, elas contêm apelos aos cinco sentidos e uma ou mais associações a sentimentos de paz, sucesso, felicidade, etc.

Nós aprendemos por repetição e rapidez. Portanto, uma associação feita rapidamente e repetidas vezes, como é o caso da propaganda, tende a se estabelecer em nosso sistema neurológico. Trata-se de um condicionamento.

O que dissemos acima também se aplica a experiências marcantes em nossas vidas, capazes de influenciar nossa auto-imagem. Tomemos por exemplo o caso de duas crianças ridicularizadas na escola por terem errado um exercício na lousa. A primeira associa à experiência uma grande carga de emoção (vergonha, humilhação, incapacidade), representando a situação à sua maneira (talvez com grandes imagens dos colegas rindo, com o som de suas gargalhadas mais alto do que o som ouvido na realidade, etc.) . Já uma outra criança talvez nem se lembre do fato depois de um certo tempo e não lhe atribua maior importância.

O que faz a diferença aqui é a maneira através da qual cada criança representa a situação, o tipo de “etiqueta” que colocam ao organizarem seu arquivo de lembranças. Como já dissemos, é à representação que reagimos e não à situação, ao fato real, e na representação entram os processos de omissão, distorção e generalização. Portanto, é provável que a primeira criança tenha omitido dados da experiência, tenha distorcido outros e que ela generalize o ocorrido a todas as situações que envolvam os mesmos elementos (situações em que se exponha à opinião alheia).

As técnicas da PNL visam dar um outro significado (resignificar) ao ocorrido, já que não é possível alterar os fatos. Visa ainda desfazer o condicionamento, a associação, através da manipulação de aspectos específicos da representação da experiência (mudanças sutis nas características da imagem, som, sensação/sentimento, etc.).

Nelly Beatriz M.P. Penteado

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