Porque Meditar?

Não existe crescimento verdadeiro sem mudanças profundas no comportamento humano. As mudanças não existirão sem o estudo profundo da psicologia interior; sem entrar em contato com o autoconhecimento. Para que tal prática aconteça é imprescindível o estudo da mente e o despertar do que há além dela; e nada disso é verdadeiramente possível sem a meditação.

Estamos afirmando a impossibilidade de mudanças duradouras e reais, em termos de indivíduos e em termos de humanidade, sem a prática diária e ampliada da meditação. Pois justamente o que é a humanidade senão a soma de coletividades?

E o que é uma coletividade, seja ela política, social ou familiar, senão a soma de indivíduos?
Assim, nada mudará, se o indivíduo não mudar. E o homem, como indivíduo, não mudará em essência, se não se comprometer em explorar, através da meditação constante, seu interior.

Na verdade, a maior parte das nossas ações e palavras foram geradas pelo subconsciente, quando não, pelo infraconsciente. Isso mostra o quanto nossas ações são frágeis e inconsistentes, desprovidas de realidade e pouco duradouras.

Quantas vezes afirmamos que desejamos algo, mas em nossas atitudes e palavras percebe-se que há algo contraditório?

Desejamos emagrecer, mas insistimos em comer. Desejamos não brigar mais com um parente, mas sempre acabamos brigando. Desejamos estudar mais, porém quando surge um tempo, lá estamos na frente da TV. Desejamos falar menos, e quando vemos, já falamos o que não queríamos. Não é assim? Se o homem desconhece os motivos pelos quais toma suas decisões, mesmo que essas decisões, externamente, mostrem interesses fraternos ou humanitários, como afirmar que somos co-criadores da nossa realidade?

Quanto mais nos observamos, mais percebemos o quanto estamos sendo falsos conosco mesmos. Por detrás de nossos atos e palavras, impulsionados pelos desejos desconhecidos para si mesmo há, quase sempre, interesses contrários aos aparentes. Quanto mais adentramos ao caminho da espiritualidade, mais nos cobramos consistência. E mais atentos, nos frustramos porque não conseguimos realizar tudo aquilo que já está claro em nosso consciente.

No mundo da espiritualidade existe um clima de achar que as transformações acontecem por um milagre. Um passe mágico com uma varinha de condão. Estas varinhas podem ter muitos nomes, todos aqueles das terapias alternativas: Florais, Reiki, Aromas, Cromo, Iridologia, Acupuntura….. SEM DÚVIDA, todos instrumentos fantásticos de esclarecimento, centramento e cura.

MAS, a meditação é o ponto nevrálgico disso tudo, porque é aqui que podemos diferenciar a realidade da fantasia e da ilusão.

Inicialmente quando tratamos de esoterismo, todo caminho parece fácil, deslumbrante e cheio de promessas, somente incendiando a imaginação das pessoas, sempre a procura de soluções. Mas, quando nos referimos à meditação, que exige esforço, tenacidade, autodomínio e paciência, são raras as pessoas que vencem suas debilidades e se submetem a uma autodisciplina essencial neste trabalho. Não me canso de afirmar: Não existe esoterismo e transformação sem o auto-estudo sistemático e duradouro pela meditação. O homem nunca deixará de ser o que é, hoje, enquanto não descobrir o que seu inconsciente lhe reserva, e isso só é feito pela meditação.

A miséria continuará e o sofrimento e a dor não desaparecerão; o ódio, a cobiça e o egoísmo, disfarçados com a roupagem filantrópica, ainda dominarão nossos atos e palavras, pois não se elimina o que não se aceita ou desconhece em si mesmo. E para descobrirmos e eliminarmos esses males de nosso interior, necessariamente devemos usar a meditação.

Enfim, ainda que Deus esteja presente em cada pessoa, nunca poderá se manifestar entre tanta desordem, e a desordem está em nosso estado mental caótico. E, com a lucidez que nos traz a meditação, se tornará possível estar acima da razão, através da clareza que ela nos traz, a ponto de nos colocar mais em contato com a nossa própria divindade.

Inicialmente por intervalos irregulares; depois, com a disciplina e a constância, se perseverarmos, esta lucidez se fará presente com maior frequência e intensidade, gerando uma consciência e presença perpétua de realidade da nossa manifestação.

É sincero chamar sua atenção sobre a seriedade da prática da meditação, e sobre a determinação necessária para investir neste trabalho de profundo autoconhecimento. Se você, por si mesmo, ainda não compreendeu a importância da meditação para seu crescimento, e não tomou a decisão de iniciá-la, então nem dê sequência enquanto assim não sentir e perceber.

A disposição de ânimo necessária para iniciar esse trabalho, cujo fim é intangível, não está fundamentada no simples desejo passageiro ou no estado mental ilusório, mas sim, num princípio superior, calcado na vontade. E essa VONTADE define aqui, como síntese, a angústia da alma em busca de libertação. É a mão de Deus a inflamar o ânimo do buscador de suas verdades e valores internos, cuja CORAGEM consciente será a tônica fundamental desse processo chamado meditação.

No entanto, chegará o dia em que a prática da meditação não mais será um ato de coragem, determinação e disciplina, mas uma ação natural, que será percebida como uma nutrição perfeita da essência divina, sem a qual, como o oxigênio, não será possível sobreviver. Quando isso começar a ocorrer, o buscador poderá sentir a serenidade e a paz que esse centramento traz, e essa serenidade será a matéria prima para entrar em contato com os desafios, dando forças para continuar a jornada com frequentes sensações de vitória, por mais árdua que possa ser.

Resumindo: Um inconsciente cheio de crenças e caos inviabiliza o pleno crescimento no mundo da realidade. O consciente deseja, mas prevalece o mundo do desconhecido, da ilusão. A Meditação é a única prática que viabiliza o acesso a esse inconsciente, interferindo na sua limpeza e organização, trazendo para o consciente a clareza e a lucidez

Conceição Trucom

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