Comunicação e relacionamento

Hum, hum. Sei. Tá. Tchau.
Se você fala assim com os mais próximos, está na hora de fazer uma profunda avaliação na sua forma de se comunicar e tomar consciência de que investir no bom relacionamento é acima de tudo cuidar da própria felicidade.

Aproveite o espírito do começo do ano, quando fazemos nossos planos de mudanças para traçarmos novos objetivos de vida, e ponha o bom relacionamento com os parentes, amigos, colegas de trabalho e até com aqueles que não são tão próximos entre as suas primeiras prioridades.

E, antes que você torça o nariz e diga para si próprio hum, hum, pressentindo que essa atitude só irá acarretar trabalho e que no final não terá nenhum beneficio, saiba que não existe maior conquista do que aprender a se dar bem com as pessoas. Acredite, você será muito mais feliz e ampliará suas possibilidades de realização.

Por isso, mesmo que você seja do tipo que “luta para preservar o seu espaço”, adora “continuar na sua” e “se preocupa apenas com seu bem-estar”, ainda assim, aprender a se relacionar bem com as pessoas só trará vantagens para seus propósitos. E essa conquista se baseia em iniciativa, boa vontade e comunicação apropriada.

Comece em casa

Nem sempre temos consciência de que as pessoas da nossa própria família, de maneira geral, são as primeiras que desconsideramos. Pense bem, como tem sido o seu relacionamento com as pessoas da sua família. Você tem conversado com os filhos, com a esposa, com o marido, com os pais, com os irmãos? E que tipo de contato tem sido? Só olá, tchau e uma ou outra pergunta ou comentário, quase como se fosse obrigação?

O que poderia existir de mais importante do que olhar nos olhos daqueles que fazem parte da nossa família e procurar saber com sinceridade se estão com algum problema, se possuem algum plano, se estão se dedicando a alguma causa, se estão se sentindo sozinhos, tristes, ou se estão precisando de alguém para comemorar uma vitória?

Criticar o filho ou o irmão porque foi mal em alguma matéria na escola, ou se desentendeu sem motivo com amigos ou colegas de trabalho, é fácil. Montamos o nosso tribunal de acusação e baixamos a sentença de culpado. Mas será que nossa indiferença e descaso nos momentos em que eles se sentiram sozinhos e sem saber a quem recorrer não contribuiu para que a situação tivesse esse fim?

Não estou dizendo que somos culpados pelos problemas das pessoas que estão à nossa volta, mas sim que se agíssemos de maneira mais solidária e presente talvez o resultado pudesse ser diferente.

Você pode estar pensando: “Mas, por que eles também não se preocupam comigo? Será que só eu devo levantar essa bandeira? Se alguém precisa tomar a iniciativa, e se ninguém fez nada até agora, considere-se escalado para essa missão – e em beneficio próprio.

Às vezes passamos dias e até semanas sem um contato mais próximo com nossos pais. As pessoas quando envelhecem ficam ansiosas, perdem um pouco a paciência, tornam-se exigentes, em alguns casos até rabugentas, mas acima de tudo se sentem sozinhas e carentes de atenção. Não existe prazer maior para elas quando encontram alguém disposto a ouvir suas histórias.

Separe alguns minutos do seu dia para se dedicar a esse contato com as pessoas mais idosas da sua família. São apenas alguns minutos e se não puder ser todos os dias que seja pelo menos uma ou duas vezes por semana. Mas nada de ouvir com aquele jeito de quem está atrasado para algum compromisso e torcendo para a conversa acabar e poder cair fora. Nada disso. Faça desse momento um ritual de atenção e de interesse verdadeiro. Sente-se sem pressa e demonstre que aquele momento está sendo dedicado para ouvir e contar alguns casos interessantes. E não se incomode se tiver de ouvir as mesmas histórias que já ouviu dezenas de vezes. Lembre-se de que as histórias serão apenas o pretexto para que exista maior aproximação.

Quando tiro uns dias de folga e vou descansar em Araraquara, no interior de São Paulo, onde mora a família da minha mulher, ao me encontrar com meu sogro, Oliver Theodoro, que já dobrou a casa dos 85 anos, sento-me com ele na sala de visitas e peço que me conte algumas das suas histórias da época em que trabalhava na estrada de ferro. Ele dá três piscadelas, alisa o cabelinho branco espetado bem curtinho e começa a falar. São sempre as mesmas histórias, mas como é gostoso ouvi-las. É um momento mágico em que ele se sente bem falando e eu me sinto muito melhor ainda por poder ouvi-lo.

Esse deve ser um plano de curtíssimo prazo, que não pode ser adiado de jeito nenhum. Amanhã nossa vida poderá se transformar inesperadamente com a mudança de emprego que nos leva para uma cidade distante, ou nos confina em projetos que por longo tempo nos retiram do convívio com a família. Sem contar que com o passar do tempo chegará o dia em que eles irão nos deixar, e aí serão apenas lembranças. E essas recordações serão o resultado da qualidade dos contatos que mantivermos agora.

Cuidado. Se você não estiver acostumado a conversar de maneira mais profunda com seus familiares, a tendência é a de começar a falar com o tom de quem faz um interrogatório ou carrega a receita irretocável de como as pessoas devem se comportar. Por isso, nada de fazer sermão ou cobrar mudanças de conduta, apenas se aproxime para conversar.

Embora essa oportunidade de aproximação possa servir para resolver problemas, não imagine que esse deva ser o único objetivo. Ao contrário, será sempre muito agradável se puder se divertir, contar umas piadas e rir sem reservas.

Você conhece bem as pessoas da sua família e sabe quais são as características de cada uma. Uns são mais diretos e objetivos, outros preferem explicar os fatos com detalhes e pormenores, enfim, são pessoas diferentes e que possuem maneiras próprias de se relacionar. E aí é que está o segredo da boa comunicação com os familiares – falar com cada um de acordo com a personalidade e o jeito de ser deles.

Não espere para pensar nas pessoas da família apenas quando ficarem doentes, estiverem distantes ou morrerem. Não, aproxime-se delas agora e faça do bom relacionamento com elas a base da sua disposição para viver bem.

Dá trabalho, exige dedicação, mas os resultados são muito compensadores, pois, além de melhorar o relacionamento e tornar o ambiente mais agradável, é também um excelente exercício de comunicação que será útil em todas as circunstâncias da vida.

Falando em família, agora vou mexer numa caixa de marimbondos. Gostaria de discutir um pouco o relacionamento, ou melhor, a falta de relacionamento entre os “ex”, ex-marido ou ex-esposa.

Parece que estou ouvindo a reação de alguns: “Tudo, menos isso, Polito. Até agora estava indo muito bem com a conversa de pais, irmãos, filhos. Até sogra dá para tolerar, mas ex-marido ou ex-esposa não tem acerto, pago para não ver o demônio na frente”.

Bem, se não tiver filho na parada até que não precisa mesmo se preocupar. Cada um pode viver sua vida sem se incomodar. Com filho a história muda bastante, pois a felicidade das crianças em certa medida é proporcional à qualidade do relacionamento dos pais. E o que tenho visto com frequência são pais usando filhos como instrumento de vingança ou de chantagem contra o ex-marido ou a ex-esposa. Sim, porque como sabem que o pai ou a mãe gosta do filho, ficam enchendo a cabeça da criança com criticas infundadas ou não para que ela se volte contra o pai ou contra a mãe. Conseguem seu intento, deixam o ex magoado, mas nem sempre se dão conta do prejuízo causado na vida do filho.

Reinaldo Polito

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