Como causar boas impressões duradouras, Parte I

I – VOCÊ TRANSMITE CONFIABILIDADE?

“Se você pensar a respeito,
as pessoas gostam das outras, não pelo que são,
mas pelo que nos fazem sentir.”
Irvin Federman

Os seres humanos são seres gregários por natureza. Desde os primórdios dos tempos, a sua habilidade em conviver em grupos e formar relacionamentos mais próximos e estreitos foi decisiva para sua sobrevivência como espécie. Nós estamos continuamente procurando fortalecer elos com outras pessoas em busca de solidariedade, ajuda mútua, cooperação, amor, carinho e sexo com o intuito de somar esforços para a consecução de objetivos comuns, seja no ambiente social, amoroso ou profissional.

O que pode nos tornar não só mais atraentes em despertar o interesse das pessoas mas que também nos permita criar e manter relacionamentos estáveis e gratificantes com outras pessoas? Boa aparência pessoal, demonstração de riqueza e status podem ser poderosos atratores para causar uma primeira impressão. Mas por si só não são suficientes para sustentar um relacionamento a médio ou longo prazo nem estão no topo das qualidades que mais impressionam a maioria das pessoas.

Neste e nos próximos textos vamos discutir algumas qualidades fundamentais que alguns pesquisadores do comportamento humano consideram essenciais não só para causar uma ótima impressão mas também para manter um relacionamento maduro e duradouro. Especificamente neste texto, vamos falar sobre confiabilidade, um dos traços mais importantes para a criação e a manutenção de uma relação duradoura, quando deixamos de ver a pessoa apenas como um objeto ou um corpo que pode nos proporcionar prazer sexual.

Confiabilidade

Nos dias conturbados de hoje, as pessoas, principalmente nas grandes cidades, têm certo receio e desconfiança das pessoas que não conhecem. Assim, procuram manter um certo distanciamento e não se abrem totalmente até que percebam que são pessoas em quem podem confiar. Portanto, para poder desenvolver relacionamentos mais profundos e duradouros, você precisa ter qualidades que demonstrem que você é uma pessoa que tem credibilidade e confiabilidade.

O que significa ter credibilidade?

Primeiro, você precisa demonstrar que é honesto e sincero. Ser honesto implica em não mentir ou não faltar com a verdade. Por exemplo, você se considera uma pessoa honesta ou uma pessoa mentirosa? Provavelmente, como a maioria das pessoas, você se considera uma pessoa honesta. Então, eu lhe pergunto: isso significa que você não mente ou nunca mentiu? Não fique constrangido(a) e nem tente mentir ao responder. Na verdade, todos nós mentimos. A mentira faz parte da condição humana. Você conhece alguém que nunca mente? Eu não conheço…

Pequenas mentiras, omissões e meias verdades são até socialmente aceitas e podem até ajudar a evitar constrangimentos e desavenças. Algumas vezes dizemos para a anfitriã que o jantar estava ótimo, mesmo que tenhamos detestado aquilo que comemos. Outras vezes, achamos horrível o penteado da amiga, mas elogiamos a sua elegância. Se todos fossem integralmente e verdadeiramente honestos e sinceros uns com os outros o tempo todo, o mundo estaria em guerra permanente.

O problema surge quando mentimos para nos beneficiar, mesmo que isso traga prejuízos e problemas para outras pessoas. Ninguém gosta de ser enganado ou manipulado, seja no ambiente social, amoroso ou profissional. Um relacionamento só se torna duradouro se houver um adequado grau de confiança entre as pessoas.

Digamos que você está intensamente atraido por uma pessoa. Ela lhe liga e convida você para se encontrarem depois do trabalho, no mesmo dia que você tinha combinado jantar na casa de sua mãe. A companhia é tão boa que você decide passar mais tempo com ela. Você liga para sua mãe e avisa que não pode ir vê-la porque tem que trabalhar até tarde. A(o) sua(seu) acompanhante pode até gostar de sua atitude. Mas o que essa pessoa vai pensar quando você ligar para ela e avisar que não pode se encontrar com ela porque tem que fazer horas extras para resolver um problema de última hora no trabalho?

Você perde sua credibilidade quando pratica qualquer ato que faz com que outra pessoa possa ser enganada. Você pode deixar de ser honesto quando:

– fala algo em que você não acredita mas que é oportuno dizer apenas para agradar ou manipular as pessoas;
– fala algo mas age em completo desacordo com o que diz;
– omite fatos que podem revelar a verdade;
– fala inverdades ou meias-verdades para seduzir ou enganar as pessoas;
– você age de forma incongruente com seus valores;
– usa argumentos apenas para se beneficiar e prejudicar os outros;
– etc e etc…

Lembre-se de que a mentira tem perna curta. Suas conquistas e vitórias baseadas na mentira terão vida curta, até o momento em que a verdade vier a tona. Você já notou como é difícil manter uma mentira por muito tempo? Temos que criar outra mentira para sustentar a mentira anterior. Depois de um certo tempo, temos dezenas de mentiras que precisamos manter e uma hora perdemos o controle do intrincado sistema de mentiras que montamos para sustentar nossa mentira inicial. Ele acaba saindo do nosso controle e desaba no final. Perdemos a nossa credibilidade e ficamos com a cara no chão.

Honestidade e sinceridade são palavras subjetivas que têm significados e pesos diferentes para cada pessoa. Geralmente somos mais complacentes quando aplicamos o conceito para nós mesmos, mas somos mais rígidos e exigentes quando avaliamos e julgamos esses atributos nas outras pessoas.

Se todos os humanos mentem, então fica a questão: quando seria aceitável ou apropriado falsear a verdade? Ser extremamente honesto e sincero e falar sempre a verdade pode nos transformar em pessoas chatas e insuportáveis, uma verdadeira mala sem alça. A etiqueta social e o convívio com outras pessoas exigem que em determinadas ocasiões, não expressemos toda a verdade. Em certas situações, é recomendável dourar a pílula, maquiar a verdade escolhendo bem as palavras ou mesmo calar-se, evitando expressar verdadeiramente todo o sentimento que nos invade.

Discernir esses limites é indício de bom senso, fino trato social e sabedoria. Um parâmetro que pode ser utilizado é jamais faltar com a verdade se isto for prejudicar ou ferir outras pessoas, mesmo que lhe possa trazer algum benefício egoísta. De qualquer forma, não é algo fácil de discernir, mesmo que seja apenas para comprometer a verdade por compaixão.

Ser confiável

Confiabilidade implica também em ter o atributo de ser confiável. Ser digno de confiança significa que as pessoas se sentem seguras e acreditam que podem contar com você sempre que for preciso, além dos atributos de honestidade e sinceridade.

Ser digno de confiança indica também que as pessoas demonstram possuir autoconfiança na sua capacidade e responsabilidade em lidar com os desafios da vida. Elas confiam na sua competência em alcançar as metas estabelecidas e em resolver os problemas que surgem, mesmo que um desses problemas seja uma gravidez indesejada. São nesses momentos críticos que os pseudo machos alfa batem em retirada.

Num relacionamento pessoal ou amoroso, significa que você está apto para cumprir com as suas responsabilidades e obrigações de ser companheiro (a), marido (esposa), pai (mãe), provedor(a) e tudo aquilo que é esperado de você. Você deixa de ser confiável quando as pessoas sentem que não podem depender de você, por suas falhas e seus erros frequentes em poder cumprir aquilo que você prometeu ou aquilo que é esperado que você cumpra.

Como desenvolver a confiabilidade

A confiabilidade é algo que se conquista pouco a pouco com o tempo. Não é algo que nasce nem se consolida de um dia para outro. De início, observamos e colhemos informações sobre a pessoa. Prestamos atenção na aparência, na postura e na forma como ela fala e age. A medida que colhemos informações sobre os seus comportamentos, de suas consistências ou inconsistências, do que ela gosta ou desgosta, do que a acalma ou a agita e principalmente do que ela faz, nos familiarizamos com os seus padrões e, assim, passamos a prever o comportamento desta pessoa.

Usamos nossos parâmetros e estereótipos que associamos a ser digno de confiança para avaliar a pessoa. Se seus comportamentos e atitudes são consistentes com os nossos parâmetros, passamos a validá-los e aumenta nossa confiança nessa pessoa. Caso contrário, passamos a desconfiar dela.

É interessante observar que há uma tendência de quanto mais confiamos numa pessoa, ela também irá confiar mais em nós. Aqueles que são beneficiários de nossa confiança tendem a sentir-se na obrigação de retribuir nossa confiança. É a conhecida lei da reciprocidade. Logicamente, sempre vão existir exceções. A decepção e a dor são maiores quando nos sentimos traídos pelas pessoas em que mais confiamos. E quando a confiança é quebrada, é difícil restabelecê-la. É como uma taça de cristal que se quebra. Ela nunca mais vai poder ser como era, por mais esforço que se dedique em recupera-la.

Um outro fator que geralmente enfraquece a confiança é não cumprir regularmente aquilo que você promete. Por isso, faça o possível e o impossível para cumprir com as suas promessas. Para evitar dissabores posteriores, jamais prometa ou crie expectativas que você sabe que não vai cumprir.

Um problema que surge com certa freqüência é quando o tesão, a atração física e a paixão nos levam a iniciar um relacionamento rápido demais. Escancaramos a porta afoitamente e deixamos uma pessoa estranha entrar em nossa intimidade, sem que tenhamos tempo de conhece-la melhor. Existe um perigo muito grande desses relacionamentos serem conturbados e de vida curta. Quando o tesão, a atração e a paixão se esvaem, esses relacionamentos terminam, deixando cicatrizes profundas e ressentimentos em um ou ambos os parceiros. Mas esta é a magia do amor. O coração tem razões que a própria razão desconhece…

Lembre-se, não basta ser honesto. É preciso também parecer honesto, para conquistar a confiança das pessoas.

Aproveito a oportunidade para agradecer a todos a atenção dispensada a esta coluna e desejar boas festas e um promissor 2006 cheio de realizações em busca da excelência…

SaKAIZEN Sakurai
Aprendiz do comportamento humano

P.S. – Gostaria de compartilhar com você uma metáfora sobre honestidade.

A flor da honestidade

Por volta do ano 250 a.C., na China antiga, um certo príncipe da região de Thing-Zda, norte do país, estava às vésperas de ser coroado imperador, mas de acordo com a lei ele deveria se casar.

Sabendo disso, ele resolveu fazer uma “disputa” entre as moças da corte ou quem quer que se achasse digna de sua auspiciosa proposta. No dia seguinte, o príncipe anunciou que receberia numa celebração especial, todas as pretendentes e lançaria um desafio. Uma velha senhora, serva do palácio há muitos anos, ouvindo os comentários sobre os preparativos, sentiu uma leve tristeza pois sabia que sua jovem filha nutria um sentimento de profundo amor pelo príncipe.

Ao chegar em casa e relatar o fato à jovem, espantou-se ao ouvir que ela pretenderia ir à celebração e indagou incrédula:

– Minha filha, o que você fará lá? Estarão presentes todas as mais belas e ricas moças da corte. Tire esta idéia insensata da cabeça. Eu sei que você deve estar sofrendo, mas não torne o sofrimento uma loucura. E a filha respondeu:

– Não, querida mãe, não estou sofrendo e muito menos louca. Eu sei que jamais poderei ser a escolhida, mas eu tenho a oportunidade de ficar pelo menos alguns momentos perto do príncipe. Isto já me torna feliz, pois sei que meu destino é outro.

À noite, a jovem chegou ao palácio. Lá estavam de fato todas as mais belas moças, com as mais belas roupas, com as mais belas jóias e com as mais determinadas intenções. Então, finalmente, o príncipe anunciou o desafio:

– Darei para cada uma de vocês, uma semente. Aquela que, dentro de seis meses, me trouxer a mais bela flor, será escolhida minha esposa e futura imperatriz da China.

A proposta do príncipe não fugiu às profundas tradições daquele povo, que valorizava muito a especialidade de “cultivar” algo, sejam costumes, amizades, relacionamentos, etc.. O tempo passou e a doce jovem, como não tinha muita habilidade nas artes da jardinagem, cuidava com muita paciência e ternura pois sabia que se a beleza das flores surgisse na mesma extensão de seu amor, ela não precisava se preocupar com o resultado.

Passaram-se três meses e nada surgiu. A jovem de tudo tentara, usara de todos os métodos que conhecia, mas nada havia nascido e dia a dia ela percebia cada vez mais longe o seu sonho, mas cada vez mais profundo o seu amor.

Por fim, os seis meses haviam passado e nada ela havia cultivado, e, consciente do seu esforço e dedicação comunicou a sua mãe que independente das circunstâncias retornaria ao palácio, na data e hora combinadas, pois não pretendia nada além do que mais alguns momentos na companhia do príncipe.

Na hora marcada estava lá, com seu vaso vazio, bem como todas as pretendentes, cada uma com uma flor mais bela do que a outra, de todas as mais variadas formas e cores. Ela estava absorta, nunca havia presenciado tal bela cena. E finalmente chega o momento esperado, o príncipe chega e observa cada uma das pretendentes com muito cuidado e atenção e após passar por todas, uma a uma, ele anuncia o resultado e indica a bela jovem como sua futura esposa.

As pessoas presentes tiveram as mais inusitadas reações, ninguém compreendeu porque ele havia escolhido justamente aquela que nada havia cultivado, então, calmamente ele esclareceu:

– Esta foi a única que cultivou a flor que a tornou digna de se tornar uma imperatriz, a flor da honestidade, pois todas as sementes que entreguei eram estéreis”.

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