Timidez: você nunca se verá livre dela se não ler esse texto

A timidez e a vergonha atrapalham consideravelmente a vida profissional e socioafetiva das pessoas. E digo isso por experiência própria, por ter sofrido muito na minha infância e adolescência. Hoje posso dizer que sou um ex-tímido, pois há muito tempo estou limpo dessa droga.

Brincadeiras a parte, considero a timidez como uma droga sim, pois ela dá margem para várias situações desagradáveis em nossas vidas. Uma delas são as pessoas que se aproveitam de nós, pois sabem que não conseguimos dizer não. Cansei de deixar minhas coisas de lado para atender aos outros, mesmo que aquilo não estivesse me agradando. Mas, por que permitimos isso? Porque no fundo, todo tímido quer ser aceito e acaba se anulando para corresponder às expectativas das pessoas. Começam a fazer “tipo” para serem o que não são.

Hoje eu tenho três profissões: sou professor universitário, palestrante e palhaço profissional. Pode parecer estranho, mas fui ser palhaço porque me disseram que esse curso iria me ajudar a livrar-me da timidez. Chegando lá, encontrei atores, atrizes, palhaços amadores… e eu, que não fazia ideia do que estava fazendo lá. Mas, acredite, na primeira aula já entendi o segredo da timidez – e de como livrar-se dela.

Em nosso primeiro encontro, o professor reuniu todos os alunos e foi chamando um a um para uma dinâmica. O desafio era subir ao palco, dizer seu nome e fazer algo que fosse naturalmente engraçado. Lembro-me de cada aluno que subiu ao palco antes de mim, pois conforme eles iam se apresentando, meu pavor ia aumentando. Quando o professor percebia que a pessoa forçava graça, pedia para o aluno retirar-se do palco. Isso só me fazia tremer ainda mais de desespero. Foi quando ouvi o professor chamar meu nome. Eu estava em estado de choque e confesso que não sei como consegui sair do lugar. Ao subir, minha vontade era de sair correndo, pois aquele monte de gente me olhando era assustador. Eu fiquei parado, sem fazer nada, com cara de pânico, e de repente algo inesperado aconteceu: as pessoas começaram a rir de mim. Quando eu achei que aquilo fosse o fim, o professor pergunta: “Nelson, no que você é naturalmente engraçado?”. Gaguejando, respondi: “Professor, desculpe, mas eu não sou nada engraçado”. E foi então que toda a plateia começou a gargalhar de mim. Eu não estava entendendo nada, e o professor, ao ver aquilo tudo, olhou nos meus olhos e disse: “Então, Nelson, você é um palhaço, porque palhaços não precisam fazer força para serem engraçados, e você acabou de mostrar um exemplo disso aqui para nós!”.

Depois disso, a timidez e a vergonha começaram a ser meras lembranças em minha vida. Ainda nesse curso, aprendi que a menor máscara do teatro é o nariz de palhaço, pois ao colocar aquela bola vermelha no nariz, você traz para fora o ser humano que existe dentro de você, então, ser palhaço é ser você na essência.

Foi aí que vi o quanto somos orgulhosos e vaidosos. Afinal, você já reparou quando a vergonha aparece em nós? Geralmente quando somos solicitados a fazer algo que não dominamos. Dessa forma, ficamos com medo do nosso desempenho, com medo de falhar, porque isso nos faria parecer ridículos e não admitimos isso. Todos nós gostamos de parecer espertos e sábios, porque assim ninguém tem motivo para falar mal da gente. Então, a vergonha nada mais é do que a doença do pretensioso, do vaidoso, ou seja, a doença daquele que quer chamar atenção. No fundo, todo tímido tem um desejo enorme de chamar a atenção, mas não o faz por medo.

Por isso, muitas pessoas tímidas são revoltadas, pois não sabem lidar bem com o fato de terem que se anular para serem aceitas e, assim, não serem ou fazerem aquilo que queriam de verdade. Assim, acabam se tornando pessoas rancorosas e, às vezes, até mesmo perigosas.

Mas, nem tudo está perdido. Algumas atitudes me ajudaram muito nesse processo e tenho certeza de que ajudarão você também. Vamos a elas?

1. Seja honesto consigo mesmo. Não se engane. Viva a vida real e não aquela que esperam de você;

2. Não dê poder aos outros. Não se sinta inferior e nem se faça de vítima ou coitado;

3. Viva o presente. Não se concentre apenas no que você poderá vir a ser entre as pessoas. A única certeza que temos na vida é a do hoje;

4. Se aceite. Seja você mesmo. Quanto mais natural você for, mais probabilidade terá de aproximar as pessoas por afinidade e não por fingimento ou interesse;

5. Saiba dizer não. Eu digo que essa dica é uma das principais. Se você não se sentir confortável em fazer algo para alguém, simplesmente não faça. Você verá como dizer não é transformador;

6. Por último, e mais importante, SE AME E SEJA VERDADEIRO CONSIGO MESMO. Essas duas atitudes são a cura para toda e qualquer vergonha.

Bora ser feliz?

 

Prof. Nelson Gonçalves é mestre em atividade física e saúde, especialista em psicopedagogia, recreação e lazer. Autor de dois livros e três CDs, tem entre suas principais atividades desenvolver projetos de treinamento e aprimoramento de competências emocionais em empresas e escolas.


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