Hipnose – Mitos e verdades

A hipnose é um estado de passividade cerebral, no qual há inibição da consciência periférica. Distingue-se do sono fisiológico, visto que a hipnose não ativa o sistema hipnogênico do tronco cerebral.

Estudos realizados em sujeitos hipnotizados acusam EEG semelhante ao da vigília relaxada. Os reflexos neurológicos encontrados no sono fisiológico não são encontrados no sujeito hipnotizado. No estado hipnótico, contudo, são encontrados: dissociação, sugestionabilidade e hipermnésia, facilitando o acesso à vida interior do indivíduo (subjetividade).

Outra forma de hipnose, normalmente observada em alguns cultos afros, exorcismo, movimentos de massas, hipnostismo de palco, seitas e religiões de forte apelo emocional,é obtida através da excitação supramaximal, por estímulo sensorial ou forte emoção. Nesse estado, onde há predominância do sistema simpático, há descargas vegetativas violentas que, entretanto, funcionam como auto-regulação. São frequentemente observados nessa forma de hipnose, fenômenos tais como amnésia, anestesia,catalepsia, alucinações, etc. Ao primeiro estado denominamos transe estático e ao segundo, cinético. Ou, como preferem alguns autores, positivo e negativo. Transes estáticos são obtidos através de estimulação de emoções positivas ou estabilizadoras. É sempre benéfico ao sistema nervoso. É caracterizado por sensações de tranquilidade, paz, harmonia, relaxamento físico.

No manejo terapêutico utiliza-se o transe estático(positivo). O transe cinético(negativo), é o preferido pelos hipnotizadores de palco e tornou-se o estereótipo do transe hipnótico, dada a sua natureza espetacular e pitoresca. O medo da hipnose tem fundamento nesse tipo, comumente apresentado pela mídia, onde o hipnotizador se apresenta como poderoso, capaz de dominar corpo e mente da pessoa hipnotizada.

O termo “transe” é o mais utilizado para definir o que julgo mais apropriado denominar “estado hipnótico”. Em exemplo mais prático e comum, o estado hipnótico assemelha-se aquele estágio que você experimenta pelo menos duas vezes durante o dia: o estágio intermediário entre a vigília e o sono, o pré-adormecer e o pré-acordar. O estado hipnótico é a fase inicial para sua destinação terapêutica. As sugestões em estado hipnótico são aceitas com mais facilidade, tendo em vista a consciência relaxada. Contudo, o sujeito hipnotizado preserva o senso crítico e somente sugestões aceitas pelo subconsciente serão válidas. É comum a auto-sugestão. Toda hipnose é, na realidade, auto hipnose. Na minha prática, observo que o estado hipnótico em si (sem fixação de nenhuma sugestão terapêutica), tem, em si próprio, propriedades curativas.

Atualmente, com outros nomes, há uma profusão de técnicas que, na realidade, são HIPNOSE: Controle Mental, Parto Sem Dor, Regressão de Idade, Regressão a Vidas Passadas, Regressão de Memória, Hipnose Light. Fique atento, pois muitos profissionais que transitam por essas denominações, costumam atribuir poderes mágicos, místicos, milagrosos à hipnose. Charlatães transitam há séculos por esse enfoque, apenas substituindo o nome, de acordo com a tendência da ocasião.

Historicamente, os primeiros registros de práticas hipnóticas, remontam a 2400 AC, na Índia e na Caldéia. Podemos identificá-las, também, na Pérsia, Babilônia, Assíria,Suméria, Egito, Grécia, Roma, nos antigos Hebheus, nos Deltas. Nesses povos, magia, religião e medicina se confundiam.

Relegada aos palcos e picadeiros e aos charlatães durante séculos, coube a Charcot (médico francês), difundi-la no meio acadêmico. Freud foi um de seus discípulos. Contudo, o enfoque equivocado dado por Charcot, onde a hipnose seria uma neurose experimental, fruto de uma condição patológica – a histeria, devolveu a hipnose ao ostracismo por mais longos anos.

Modernamente, através de estudos e pesquisas científicas, tem-se cada vez mais constatado a eficácia e a indicação da hipnose em diversos processos terapêuticos.Segurança e rapidez nos resultados são suas principais qualidades. Isenta de riscos, quando conduzida por profissionais éticos e bem treinados, pode ser utilizada de forma isolada ou complementar a outras terapias, sempre com benefícios aos pacientes.

Luiz Antonio Perilo Velloso

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